2.23.2004

Hoje à noite vou-me disfarçar de “Admirável Mundo Novo” (para os mais puristas “Brave New World”) e acreditar que tudo no mundo é controlado pelas leis físicas e que para o domar apenas preciso de as descobri – sim essas leis universais -, obviamente através da ciência – as puras, salvo seja!
Não se atrevam, hoje, a clamar como ciências aquelas coisas de nome sociologia, antropologia, psicologia ou filosofia, tudo isso são balelas para que pessoas com mentes deturpadas enganem as outras com pseuso-sabedorias relativas e nunca conclusivas (que raio de ciência é esta?). Até os homens são governados por essas mesmas leis universais e somos muito mais simples do que se possa pensar, esses pseudo-cientistas é que complicam o que na realidade é linear.
VIVA À CIÊNCIA!

Por isso hoje vou disfarçar-me daquele rapaz que está a tirar farmácia e me disse que daqui a uns anos a psicofarmacologia irá dar um grande salto e todas as doenças mentais terão um medicamento apropriado que tornará essas pessoas “normais”, igual às outras – as ditas “normais”.
Presumo que qualquer dia não serão necessários nem médicos, nem políticos, nem sociólogos ou antropólogos, nem qualquer tipo de filosofia – de certeza que “filosofar”, daqui a uns anos, será considerado como um nítido sintoma de uma qualquer doença mental – se calhar dirão que existe uma ligação qualquer no neurónio X ou que o próprio neurónio X está avariado, deu-lhe para provocar estímulos eléctricos totalmente desconexos e inúteis. Nesse dia apenas será necessário alguém que produza o “milagroso comprimido” e uma máquina que diga qual é o problema da pessoa.
É engraçado como o encantamento, inicialmente ligado às práticas mágicas referenciadas aos “povos primitivos”, nunca se extinguiu, nem neste maravilhoso mundo moderno em que hoje vivemos embriagados - de admiração!

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