3.09.2004


Imagina-te num mundo diferente. Espera, não tão longe, ainda na Terra.
Um sítio onde não conheças ninguém, as que conheces apenas falas pelo telefone a horas trocadas sob algo sem sentido nenhum para a tua vida e nunca dizes o que te vai pela cabeça. As pessoas à tua volta falam uma língua de que nada percebes e nunca virás a perceber nem te esforças para tal. O sono está trocada e sempre em atraso.
Encontras alguém no elevador que te faz companhia sem o saber, sorri inconsciente disso e sai, ela voltará. Para quê dizer alguma coisa quando nada se compara aquele primeiro sorriso?
Não consegues comunicar com ninguém à tua volta, pelo menos é te muito difícil e realmente não os compreendes, não estás com paciência para isso. Sentes-te por isso perdido e incompreendido.
O mais estranho é que te sentes bem ao pé daquele sorriso onde o silêncio se instalou. Aquele silêncio tão acolhedor.
Nada sabes dela nem ela de ti, nada de íntimo, mas para que serve realmente isso?
Não te atreves a quebrar o silêncio, porque é aí que reside o encanto.
Alguém te pergunta: “como podes sentir isso unicamente através do silêncio?”
Tu calmamente respondes: “nunca o sentiste?”
(Caso não perceberam é o filme "Lost In Translation" de Sofia Coppola)

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