3.15.2004


Jemima Stehli é uma fotógrafa que gosta de questionar através da sua arte. Ela consegue-o através da inversão dos papéis entre o crítico de arte e o artista, de jogos entre a nudez e o erotismo, desfragmentando os cânones a seu belo prazer e pelo uso do corpo. O modelo que mais usa nas suas fotografias é o do seu próprio corpo sem qualquer pudor perante os espectadores ou perante os críticos a quem convida para a verem despir-se na sua frente e tirarem as fotografias que quiserem. Há uma visível subversão dos papéis produzida por este modo de fotografar: poderão os críticos a partir do momento em que participam na feitura da obra voltar a ter alguma validade em termos de crítica artística? Não serão eles sempre assim, tal como o artista, moldando-se aos gostos destes fazedores de cânones? Ou será que afinal são os artistas que moldam os gostos dos críticos ao inseri-los dentro dos seus sistemas de produção e reprodução de sentido? Quem é o quê afinal no mundo das artes?
A exposição no Centro de Artes Visuais de Coimbra convida a este tipo de reflexões, as fotografias de Jemima Stehli brincam com o papel do indivíduo, subvertendo as afirmações do que é ser artista/autor e questionando os modos de validação intelectual do ser-se artista. Como Barry Schwabasky refere: “Só um louco tomaria um crítico de arte como uma autoridade em qualquer assunto”. No final, não é só esta reflexão que fica suspensa, fica também a pergunta que se dirige a nós: “Qual será o meu papel de espectador no meio disto tudo: afinal onde está a arte?”

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