7.08.2004

Um tinha a obsessão pelas 4h48, outro pelas 2h25, ambos da manhã. Um escreveu peças de teatro, com esse número - Sarah Kane -, o outro traduziu o seu viver para músicas, também com o outro número - Elliot Smith.
Fora essa semelhança, na obsessão por uma determinada hora, também as suas mortes foram iguais no acto final de consciência da sua decisão, Suicídio.



Não o aconselho, por diversas razões mas não vou ser eu a contrariar vontades tidas como superiores aos próprios seres mas o que ambos deixaram é um legado que não deve ser perdido e aproveitemos os objectos que transportam as pessoas no seu interior, mesmo se mortas, porque como dizia Latour os objectos vieram a possibilitar ao homem a sua libertação de certas actividades repetitivas do quotidiano, fundamentais para a formação e reprodução das estruturas onde as relações sociais se baseiam, permitindo ao homem o caminhar noutras direcções sem medo de perder o que já tinha sido produzido. Os objectos são um dos pilares mais importantes na produção, preservação e sua nova reprodução das relações sociais, não só entre humanos mas também entre humanos e objectos pois estes também são actores sociais.



Escutem-nos ou leiam-nos, obcecados ou não, insanos ou mentalmente saudáveis, mortos ou vivos.

1 comentário:

Onun disse...

Rimbaud? Não sabias que Rimbaud tornou-se mercenário e negou a sua obra de juventude?
Essa noção de artistas e de arte é tipico das pessoas que acham que apenas e só alguns têm a capacidade de a entender, o que quer que isso seja, e sou alguns, nomeados por essas mentes iluminadas, é que são considerados os verdadeiros artistas.
Sanidade ou não a arte foi feita, boa e má. Se depois se ciaram os mitos sobre as suas pessoas não passam disso, mitos para elevar os artistas e justifica-los perantes os outros.
O que tinha a Sofia de insanidade? e Fernando Pessoa? Para mim Fernando Pessoa era demasiado lúcido e saudavel. Os outros, o povo ou os trabalhadores de que tanto gostas, é que são insanos e vivem como vivem. Ele via a vida na sua sanidade mas os outros não a aceitavam....
Mas concordo com a primeira frase, de loucura temos todos nós um pouco...