2.14.2005

"Como a "classe artística" é das mais corporativas e o medo de ser chamado inculto tolhe as vozes, manifestos como estes são ouvidos em silêncio temeroso. Para o fim ainda um reparo: ao contrário do que diz o manifesto, os clássicos de hoje não foram os experimentais de ontem. A cultura não é um ramo da arqueologia em que a passagem do tempo transforma em preciosidade do presente o que era banal e vulgar no seu tempo. Basta ir a uma biblioteca ou a uma pinacoteca para perceber que não há passagem do tempo que dê qualidade àquilo que nunca a teve. Antes pelo contrário, o tempo tem um terrível efeito depurador neste universo. E, muitas vezes, os aplaudidos do passado, quando vistos do presente, não passam duns medíocres que tiveram a sorte de ser apoiados no seu tempo."

Gostava de saber, o que duvido que esta senhora que escreve no público alguma vez perceberá, quem é que escolhe o que deve ou não deve estar nas bibliotecas? Será que isso não será uma forma de "poder", isto é de dizer o que é "bom"?

E já que falamos de "boa" arte, ela fala, será que conseguirá definir um conceito minimamente coerente e consensual?

E já que tudo se encontra numa biblioteca, pergunto-me o porquê de haver arte contemporânea? De haver museus de arte contemporânea? Para que serviram eles? Suponho que não às pessoas que lá vão, porque essas nada percebem de arte, porque ela não se encontra nas tais bibliotecas do saber universal e cristalizado, mas sim para dar o ganha-pão a uns míseros fingidores de artistas...(talvez como os jornais, para dar o ganha-pão a uns falsificadores de noticias e de verdades)

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