«- Craig, as coisas mais difíceis na vida são ser único e conseguir que a vida seja uma história. Antigamente, era muito mais fácil, mas a nossa cultura obcecada pela fama, com o escabeche diário de informação electrónica em tempo real, exige muito dos cidadãos modernos, e cria grandes obstáculos à narrativa. Os cidadãos verdadeiramente modernos são carismáticos e apenas conseguem interagir com outras pessoas com carisma. Para sobreviver, precisamos de nos transformar em robôs carismáticos e vender a nossa imagem. No entanto, ironicamente, a sociedade ridiculariza e castiga quem aspira a tal condição. Eu não me surpreenderia se soubesse que os seus amigos fazem troça de si nas suas costas, Craig.
- Ai, acha?
- Acho. Por isso, resumidamente, dado que este mundo é composto de informação, está mais ou menos condenado a ser desinteressante e privado de história.
- Mas eu posso pôr a minha vida num blog. Posso transformá-la numa história dessa forma!
- Blogs? Desculpe, mas todos esses blogs e vlogs e o que mais há por aí só fazem com que se torne mais difícil ser-se único. Quanto mais verdades despejar, mais genérico se torna.
- Tudo o que eu quero é que a minha vida seja uma história.
- Leu muitos livros quando era pequeno?
- Li.
- Ah, bem, aí está. Os livros fazem das pessoas indivíduos isolados e quando isso acontece, o caminho ainda se torna mais inóspito. Os livros fazem-no querer ser o Steve McQueen, mas o mundo quer que seja o SMcQ23667bot@hotmail.com.» (Douglas Coupland, Geração A)
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